A variante Ômicron
A nova variante do coronavírus, nomeada ômicron, foi identificada pela primeira vez em Botsuana (África) no início de novembro e, a OMS designou a cepa B1.1.529, como uma variante de preocupação. A variante destaca-se por conter mais de 50 mutações em seu genoma em relação ao vírus original descoberto em Wuhan, na China. Destas, 30 estão localizadas na proteína spike do vírus (ou Proteína S), a qual é reconhecida pelos anticorpos (1, 2).
A ômicron pode ter acumulado mutações que estão relacionadas a um possível escape do sistema imunológico e, a um possível aumento de transmissibilidade (2). Ainda há necessidade de estudos para determinar sua letalidade e resistência às vacinas.
A médica sul-africana Angelique Coetzee, que atendeu primeiramente a vários pacientes com a nova variante, reportou que a maioria dos infectados apresentaram sintomas leves tais como: dores de cabeça, cansaço e dores musculares (3,4). E, de acordo com os dados atuais da OMS, ainda não foram registradas mortes ligadas à cepa (5).
A nova variante já está presente no Brasil e em outros 28 países (4). O diagnóstico laboratorial de RT-PCR Sars-CoV-2 continua sendo importante na detecção de novas variantes do coronavírus (6).
Em nosso estudo transversal, a equipe de pesquisa da Vittal Diagnósticos e Vacinas, observou que entre as amostras testadas pelo método diagnóstico de RT-PCR durante o mês de novembro, não houve aumento significativo de casos positivos em relação aos três meses anteriores ao ano de 2021.
Ressaltamos que essas amostras não foram sequenciadas geneticamente, portanto não podemos afirmar que os casos positivos referentes a este mês estão relacionados com a variante ômicron, porém consideramos necessário destacar a continuidade da testagem em massa como uma ferramenta importante que permite identificar e isolar rapidamente os novos casos da doença, possibilitando assim o controle da pandemia.
A precisão de testes moleculares como o de RT-PCR não será afetada, pois a ômicron apresentou deleção no gene S, assim a nova variante será detectada no teste através da observação de ausência ou "queda" do gene S (7,8). Em relação aos testes rápidos, a maioria dos fabricantes como a Abott e BD já se reportaram quanto a precisão de seus imunoensaios, e declararam que não houve queda do desempenho dos mesmos, as análises comparativas foram realizadas utilizando amostras de sequências genéticas da ômicron cedidas do banco de dados público da GISAID (9,10).
Pesquisadores sul-africanos estão analisando se a ômicron pode driblar a imunidade induzida tanto por vacinas quanto por infecções anteriores, e a equipe de pesquisa de Penny Moore ressaltou, que são necessários mais estudos, mas que alguns casos de reinfecção já foram relatados na África do Sul entre indivíduos vacinados com os imunizantes da Johnson & Johnson, Pfizer-BioNTech e Oxford-AstraZeneca (1). As farmacêuticas já anunciaram que terão como alvo específico a ômicron, caso os seus imunizantes não sejam eficazes contra a nova variante (11).
A OMS preconiza que o uso de máscaras adequadas, higienização das mãos, distanciamento físico, ventilação de espaços internos e imunização continuam sendo fundamentais para reduzir a transmissão do coronavírus (6).