A variante Delta
O SARS-COV-2 é um vírus de ácido-ribonucleico (RNA) e está sujeito à evolução genética com o desenvolvimento de mutações ao longo do tempo, resultando em variantes mutantes que apresentam alterações na proteína espícula (S), a qual intermedeia a ligação do vírus aos receptores da superfície celular do hospedeiro e a fusão entre o vírus e as membranas celulares, ou seja, facilita a entrada dos vírus nas células (1, 2). Sua variante Delta, detectada pela primeira vez na Índia e também conhecida como linhagem B.1.617.2, foi classificada pela OMS como uma variante de preocupação (VOC) e superou outras variantes anteriormente prevalentes para se tornar uma cepa globalmente dominante em poucos meses. Foi estimado que esta variante é cerca de duas vezes mais transmissível do que o vírus do surto inicial (isto é, a cepa Wuhan-Hu-1) (3, 4) e têm mais que o dobro do risco de admissão hospitalar em comparação com aqueles infectados com a variante alfa, de acordo com um grande estudo no Reino Unido (5).
Brasil
A variante delta já chegou em todos os 26 estados brasileiros e representa cerca de 71,5% dos genomas sequenciados no país (agosto, 2021)(6), sua maior prevalência dentro do território nacional encontra-se no Rio Grande do Sul e no Distrito Federal, segundo informações da Rede Genômica da Fiocruz.
Sintomas e Vacinação
Segundo a OMS, os sintomas causados pela variante delta não são diferentes dos sintomas causados por outras variantes do COVID-19. Os sintomas mais comuns são febre, tosse seca e cansaço. Outros sintomas incluem perda de olfato e paladar, diarreia, dores de cabeça, dores de garganta, dor muscular ou corporal, conjuntivite e erupções cutâneas (7).
Os fabricantes das vacinas de MRNA-1273 (Moderna) e Ad26.COV2.S (Janssen) anunciaram recentemente resultados positivos em relação à atividade de anticorpos neutralizantes contra a variante delta (8, 9). Notícias positivas semelhantes sobre a persistência da imunidade com ambas as vacinas de mRNA (MRNA-1273 - Moderna e BNT16262 - Pfizer-BioNTech) também foram relatadas em outro estudo (10). No entanto, esses resultados são baseados em pequenas amostras e precisam ser confirmados por dados observacionais válidos com grandes amostras de pessoas vacinadas. Um estudo recente no Canadá mostrou resultados positivos em relação à eficácia das vacinas da Pfizer-BioNTech, Moderna e AstraZeneca contra doença sintomática com as variantes alfa, beta, gama e delta (11).
Diagnóstico Laboratorial
O método laboratorial da transcrição reversa seguida da reação em cadeia da polimerase em tempo real (RT-PCR) para diagnóstico do SARS- CoV-2, representam a opção mais sensível para detectar variantes do coronavírus e são reconhecidos como o padrão ouro para o diagnóstico de COVID-19. Há uma série de publicações direcionadas a detecção de VOC usando RT-PCR (12-17) e, ainda, o teste pode auxiliar na avaliação da frequência de uma variante dentro de uma população e contribuir para as diretrizes políticas.
Prevenção
As medidas de prevenção contra a variante delta são as mesmas indicadas pela OMS desde o início da pandemia, ou seja, usar máscara, higienizar as mãos com frequência e evitar aglomerações (7).